Trump impõe tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e acusa Brasil de ameaçar segurança dos EUA

Medida entra em vigor nesta quarta-feira (6); governo brasileiro é acusado de perseguição política e censura a empresas americanas. Lula tenta evitar rompimento diplomático, mas negociações seguem travadas.

Entraram em vigor nesta quarta-feira (6) as novas tarifas de importação dos Estados Unidos contra o Brasil. O presidente americano Donald Trump oficializou, por decreto, a imposição de uma alíquota de 50% sobre uma ampla gama de produtos brasileiros. A medida, segundo a Casa Branca, é uma resposta a supostos abusos de autoridade e violações de direitos humanos promovidos pelo governo brasileiro, com destaque para a atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A decisão eleva as tensões diplomáticas entre os dois países e surpreende pela gravidade das acusações. O comunicado da Casa Branca afirma que o Brasil representa uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos”.

Acusações e justificativas

A ordem executiva assinada por Trump acusa o governo brasileiro de promover “perseguição política, intimidação, censura e assédio judicial”, com foco nas medidas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores. O texto também cita diretamente Moraes como responsável por “ameaçar e coagir empresas americanas”, além de “suprimir dissidências e proteger aliados corruptos”.

Um dos episódios destacados é o processo movido no Brasil contra o blogueiro Paulo Figueiredo, residente nos EUA, por declarações feitas em território americano. Segundo o governo norte-americano, isso configura violação à liberdade de expressão protegida pela Constituição dos Estados Unidos.

Em tom contundente, o comunicado afirma:

“O presidente Trump está defendendo empresas americanas contra extorsão, protegendo cidadãos americanos contra perseguição política, salvaguardando a liberdade de expressão americana contra censura e protegendo a economia americana de decretos arbitrários de um juiz estrangeiro tirânico.”

Retaliações diplomáticas

Além do tarifaço, o governo Trump também anunciou a revogação dos vistos americanos de ministros do STF e de outras autoridades brasileiras. Estão entre os sancionados Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e o procurador-geral da República, Paulo Gonet.

Foram poupados da lista os ministros André Mendonça, Nunes Marques e Luiz Fux.

Exceções e impactos econômicos

Apesar da rigidez das tarifas, uma lista com cerca de 700 produtos brasileiros foi excluída da medida. Entre os itens isentos estão suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos, fertilizantes e produtos energéticos.

Mesmo com as exceções, a medida afeta fortemente setores como o agronegócio, mineração, produtos industrializados e têxteis. O governo brasileiro já elabora um plano de contingência para apoiar empresas impactadas pela sobretaxa.

Brasil tenta manter diálogo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (5) que o Brasil está disposto a negociar, mas reconheceu que o clima não é favorável.

“Eu não vou ligar para o Trump para comercializar porque ele não quer falar. Mas eu vou ligar para o Trump para convidá-lo para a COP, porque quero saber o que ele pensa da questão climática”, disse Lula, em evento no Itamaraty.

A equipe econômica do governo tenta abrir espaço para uma negociação, mas assessores do Planalto afirmam que só haverá contato direto com Trump se houver sinalização clara de abertura para o diálogo. A prioridade é evitar um embate diplomático que prejudique ainda mais as relações comerciais.

Reações e próximos passos

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que tentará uma reunião com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, nos próximos dias, em busca de uma reaproximação diplomática. A intenção é preparar o terreno para uma possível conversa entre Lula e Trump.

Contudo, o representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, já declarou que é improvável que novos acordos comerciais sejam firmados em curto prazo.

Enquanto isso, cresce a preocupação entre empresários brasileiros e líderes de setor. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) emitiu nota pedindo “moderação diplomática” e “ações imediatas para mitigar os prejuízos às exportações”.


Resumo do decreto da Casa Branca:

  • Motivo: Supostas violações de direitos humanos e coerção de empresas americanas no Brasil.

  • Tarifa adicional: 40%, somada aos 10% já existentes, totalizando 50%.

  • Autoridade legal: Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA).

  • Sanções diplomáticas: Revogação de vistos de ministros do STF e aliados.

  • Exceções: Produtos como suco de laranja, petróleo e aviões civis foram isentados.

  • Objetivo declarado: Proteger liberdade de expressão e empresas americanas contra censura estrangeira.

Fonte: G1

Redação: Liberdade FM