Varejistas europeus pedem que tradings não comprem soja de áreas desmatadas, mesmo sem Moratória

Brasília – Um grupo de 25 redes varejistas europeias, em sua maioria britânicas, enviou nesta sexta-feira (05/09) uma carta aos presidentes globais das cinco maiores tradings exportadoras de grãos do mundo — ADM, Bunge, Cargill, Louis Dreyfus e Cofco — pedindo que mantenham o compromisso de não adquirir soja proveniente de áreas desmatadas na Amazônia, ainda que a Moratória da Soja seja suspensa.

O documento também foi encaminhado à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que já havia demonstrado preocupação com a decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), responsável por suspender a moratória em agosto. Pouco depois, a Justiça do Distrito Federal concedeu liminar para restabelecer o acordo, em vigor desde 2008.

A Moratória da Soja é um pacto privado que impede a comercialização do grão cultivado em áreas desmatadas na Amazônia Legal após 2008. Para os varejistas, a suspensão representa “uma séria ameaça a um acordo vital”.

“Na ausência de um mecanismo setorial como a Moratória da Soja, nós avaliaremos o desempenho de cada empresa individualmente em relação às nossas próprias políticas de compras”, destaca o comunicado, assinado por empresas como Tesco, Sainsbury’s e Greencore.

O texto também ressalta que a carta não constitui um acordo entre concorrentes, mas um posicionamento de cada rede sobre a origem dos produtos adquiridos.

Pressão internacional e histórico

As empresas europeias alertam que, caso a moratória seja novamente suspensa, esperam que as tradings adotem imediatamente medidas próprias de conformidade até que uma solução definitiva seja alcançada.

A decisão do Cade que determinou o fim da moratória foi motivada por acusações de formação de cartel contra 30 exportadoras e duas entidades setoriais: a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) e a Anec (Associação Nacional de Exportadores de Cereais). A investigação teve início a partir de representações feitas pela Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, com apoio da Aprosoja-MT e da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).

Segundo a área técnica do Cade, a medida cautelar foi adotada para “evitar lesão irreparável ou de difícil reparação”. Ainda assim, varejistas e organizações ambientais veem a manutenção da moratória como essencial para a proteção da floresta amazônica e para a credibilidade da cadeia produtiva da soja brasileira no mercado internacional.

Globo Rural / Liberdade FM