Possíveis impactos da chuva no início da safra 2026
O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) divulgou um prognóstico climático que aponta possíveis impactos das chuvas no início da safra 2026, especialmente durante o trimestre de janeiro, fevereiro e março. Segundo a análise, o verão de 2026 deverá ocorrer, predominantemente, sob condições de neutralidade do El Niño–Oscilação Sul (ENOS), com baixa probabilidade de atuação do fenômeno La Niña.
De acordo com o INMET, a neutralidade do ENOS tende a ampliar a influência de sistemas atmosféricos regionais e de padrões de variabilidade de menor escala, como a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), sistemas convectivos tropicais e a circulação associada ao Atlântico Tropical. O instituto destaca que esse cenário favorece uma distribuição espacial heterogênea dos impactos climáticos no país, o que exige monitoramento contínuo das condições observadas e atualizações frequentes das previsões, especialmente nas principais regiões produtoras.
Para o trimestre JFM de 2026, as previsões de anomalias de precipitação indicam predomínio de chuvas acima da média climatológica em grande parte da Região Norte. Segundo o INMET, esse cenário favorece a manutenção de elevados níveis de umidade no solo, criando condições favoráveis ao desenvolvimento das culturas de verão, como soja e milho, que se encontram majoritariamente em fases de desenvolvimento vegetativo e início do florescimento. O instituto também aponta benefícios para culturas perenes e para a recuperação das pastagens.
Em contraste, o prognóstico indica volumes de chuva abaixo da média em áreas do interior da Região Nordeste, com destaque para o semiárido. O INMET avalia que a irregularidade das precipitações nessas áreas pode limitar o avanço do plantio e comprometer o desempenho das culturas de sequeiro. A combinação de menor disponibilidade hídrica e temperaturas acima da média tende a elevar a evapotranspiração e o risco de déficits hídricos, exigindo maior atenção às práticas de manejo do solo e da água.
Na Região Centro-Oeste, a previsão aponta chuvas dentro ou acima da média climatológica na maior parte da região ao longo do trimestre, especialmente no norte de Mato Grosso. Segundo o INMET, essa condição é relevante para a recomposição do armazenamento hídrico do solo e para a sustentação das fases de desenvolvimento da soja e do milho da primeira safra.
Já na Região Sudeste, o instituto observa predomínio de chuvas abaixo da média climatológica durante o trimestre, associado a temperaturas acima da média. O INMET destaca que esse cenário tende a aumentar a evapotranspiração, reduzir gradualmente a disponibilidade hídrica no solo e elevar o risco de estresse hídrico, sobretudo em áreas com solos de menor capacidade de retenção de água, o que pode afetar o estabelecimento e o desenvolvimento inicial das culturas de verão.
No Sul do país, a previsão indica chuvas próximas ou acima da média climatológica, o que tende a favorecer o desenvolvimento das culturas de verão. No entanto, o INMET alerta que a persistência de elevados níveis de umidade no solo, combinada com temperaturas acima da média, pode aumentar o risco de doenças fúngicas em lavouras ainda em campo, especialmente no trigo em fase de florescimento e enchimento de grãos. O instituto acrescenta que chuvas frequentes também podem interferir pontualmente nas operações de colheita e retardar o plantio das culturas de primeira safra, demandando maior atenção ao planejamento das atividades agrícolas.
